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Depressão pós parto: precisamos falar sobre isso!

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Faz uma hora que eu soube dessa notícia e até agora não consegui parar de chorar. Mãe de um bebê de seis meses, Carine estava sofrendo de depressão pós parto e se jogou da janela do apartamento em que morava. E porquê isso mexeu tanto comigo? Eu também tive depressão pós parto, e ao ler a reportagem tudo o que senti durante aqueles longos meses voltou.

Meu choro é de dor por saber exatamente o que ela sentiu, por ter lembrado de todos os dias em que tudo parecia sem perspectiva, sem sentido, pesado demais, doído demais. Por lembrar de toda a culpa que senti ao me achar fraca por não conseguir sair da situação, por não estar dando pulos de alegria no que deveria ser o momento mais feliz da minha vida. Por isso, resolvi escrever esse post.

A depressão pós parto é uma doença, muito mais comum do que se imagina. A mulher sente uma tristeza muito forte, profunda, chora “sem motivo”, tudo parece cinza e sem graça. Parece simples, passageiro, bobagem, mas não é. Quem passa por isso sabe o quanto é difícil aceitar que se tem depressão, já que ela é vista como uma fraqueza pelos outros, que acham que um pouco de força de vontade é o suficiente pra “sair dessa”. Mas pra quem está vivendo isso, é impossível enxergar uma saída.

Eu me sentia incapaz de cuidar do Lucas, chorava dia e noite, sentia raiva, muita raiva. Achava que nunca mais ia sair de casa, que minha vida tinha acabado, que só ia ser dali pra pior. Sentia culpa por meu filho ter uma mãe assim, vergonha de ser tão fraca a ponto de não conseguir “sacudir a poeira e dar a volta por cima”.

Infelizmente as pessoas próximas, por mais que te amem e tenham boa vontade, dificilmente conseguem entender e perceber que é um caso de depressão pós parto. O mais comum é achar que a mãe está cansada pela falta de sono, assustada com a nova responsabilidade, triste por causa dos hormônios, mas que já já isso passa. Quantas e quantas vezes eu escutei que o que eu sentia ia passar logo, que eu estava exagerando, que tinha que estar feliz por ter um filho saudável e não com essa besteira de tristeza sem motivo.

Entendo que não é por mal que se fala isso, mas também entendo que é quase um dever das pessoas próximas se informar, ajudar a nova mãe a passar por isso, a procurar ajuda especializada, a não deixar chegar a esse ponto que chegou pra essa mãe. Não é só o bebê que precisa de colo, a mãe também. E você, que está pra ter bebê ou é mãe recente, não precisa ficar assustada ou com medo. Só saiba que essa doença existe, mas tem cura e muitas formas de evitar o sofrimento. Leia, se informe, converse com seu médico, com suas amigas e seu companheiro. É importantíssimo que esse assunto deixe de ser um tabu e passe a ser tratado de forma aberta, para que quem sofre de depressão sinta-se apoiado, e não envergonhado.

Por isso eu alerto, peço, imploro, pra você que leu esse texto até aqui: não menospreze a tristeza de uma mulher que teve filho há pouco tempo, não ache absurdo ou coisa da sua cabeça, procure ajuda pra ela! Pegue-a pela mão, se for preciso, e leve ao médico, ao psiquiatra. É muito, muito melhor pecar pelo excesso do que esperar passar… Porque às vezes não passa, e aí temos um triste fim como esse.

Para saber mais:

“A depressão pós parto: um problema para toda a família”

“Depressão pós parto: a culpa não é sua”

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